sexta-feira, 15 de abril de 2011

José Dirceu fala sobre seu tempo de ditadura em novela do SBT

José Dirceu relembrou vários momentos de sua juventude, vivida nos tempos de ditadura. A lembrança durou mais de uma hora e foi gravada pelo SBT em um dos estúdios da emissora. Trechos dessa gravação serão transmitidas ao final de alguns capítulos de “Amor e Revolução”, novela que retrata a época. “A gravação aconteceu há cerca de um mês e foi bem longa. O diretor perguntava e ele respondia”, afirmou a assessora do político. A informação dada pela direção à ela é que o depoimento será editado e dividido em várias pílulas, mas não sabem exatamente quando serão televisionados.

Segundo iG apurou com funcionários do SBT, a única certeza por enquanto é que o primeiro depoimento vai ao ar nesta quarta-feira (20).

A assessoria de Dirceu contou que ele retratou sua história com a emoção de sempre, mas não foi às lágrimas. “Ele falou sobre o período de tortura, de quando foi preso, quando morou em Cuba, de como voltou clandestino, da cirurgia (que modificou sua aparência), todas essas coisas de 1968”.

Para ela, um dos momentos de destaque da conversa foi quando ele aconselhou os jovens de hoje dizendo que eles precisam ir para a escola não só para estudar, mas precisam querer e defender alguma coisa, como os estudantes faziam na época da ditadura.

Quem também é uma das cotadas para dar seu depoimento na novela é a Presidenta Dilma Rousseff. Pouco antes da estreia da trama, o autor Tiago Santiago afirmou que já havia enviado um convite para ela. A assessoria do SBT afirmou que não pode comentar nada sobre a aceitação ou a negativa de Dilma.

Estudo aponta que taxa de evasão de universitários cresceu de 14% para quase 20%

Um dos principais obstáculos para a expansão do ensino superior no país, o aumento da cobertura do ensino médio - hoje, metade dos jovens entre 15 e 17 anos não se encontra nesse nível de ensino - está entre as metas mais difíceis do novo Plano Nacional de Educação (PNE), hoje na Câmara. O plano traz como duas das suas 20 metas duplicar as matrículas do ensino médio técnico e aumentar a taxa de matrículas no ensino médio para 85% dos jovens entre 15 e 17 anos. Outra das metas mais problemáticas do novo PNE é a ampliação da própria taxa de matrículas no ensino superior. A meta para esse ponto determina o aumento das matrículas no ensino superior para uma cobertura de 33% entre aqueles com 18 a 24 anos. Hoje, esse percentual é, segundo o MEC, de 17% - enquanto a Turquia tem 21,1%; o Chile, 28,3%; e a Hungria, 29%. A Coreia, referência de desenvolvimento tecnológico, tem 56,5%.

Além do empecilho causado por uma baixa cobertura do ensino médio, o crescimento do ensino superior no país também tem enfrentado um aumento na evasão dos alunos que conseguem chegar à universidade, segundo estudo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior em São Paulo (Semesp). O estudo mostra que a taxa de evasão no ensino superior no país foi de cerca de 12% em 2007 para mais de 15% hoje. Se for visto apenas o ensino superior privado - que, com programas como o ProUni e o Fies, é responsável por cerca de 75% das matrículas no nível superior hoje -, a evasão cresceu de cerca de 14% para quase 20%. Segundo o Semesp, pelo menos metade dessa evasão é de alunos das classes C e D - cerca de 40% das matrículas no nível superior hoje - que chegariam despreparados ao nível universitário. No ensino superior privado, onde boa parte dos alunos dessas faixas de renda tem ingressado, a evasão devido ao despreparo também é maior em cursos ligados ao desenvolvimento econômico e tecnológico do país: dos 20 cursos com maior evasão, 11 são de ciências exatas, como os de informática.

- Os alunos das classes menos privilegiadas têm conseguido chegar à universidade, por conta justamente da expansão proporcionada pelo ProUni, por exemplo; e, até quando vemos a curva de crescimento das matrículas no ensino superior, ela acompanha a curva de crescimento da população nessas classes. No entanto, pelo despreparo, por terem vindo de escolas com qualidade de ensino baixa, eles não conseguem acompanhar o curso e abandonam - afirma o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato.

O secretário de Educação Superior do MEC, Luiz Claudio Costa, contesta os dados: - Hoje, como o censo escolar não conta o aluno por seu CPF, acaba contabilizando como evasão a migração de estudantes de um curso a outro, ou de uma instituição a outra. A partir deste ano, com o censo passando a ser feito com base no CPF, poderemos conhecer melhor esse quadro - diz, destacando que a taxa de diplomação no ensino superior teria subido 195% nos últimos dez anos. - Além disso, não concordo com a hipótese de que há evasão por causa de despreparo. Estudantes que recebem alguma assistência federal, como bolsa do ProUni, têm bons rendimentos.

Filha do prefeito de Frutuoso Gomes tenta burlar sistema de cotas da UERN

A estudante Ana Sérvula Regalado Ferreira, aprovada no vestibular da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte para o curso de medicina, através do sistema de cotas, e que foi impedida de fazer sua matrícula na universidade, apelou ao Tribunal de Justiça contra a sentença da Vara da Fazenda Pública da Comarca de Mossoró que manteve a decisão do Reitor da UERN para não efetuar sua matrícula. Os documentos também comprovam que a autora é filha de médico e prefeito
de Frutuoso Gomes (RN), Lucídio Jácome Ferreira, tendo ainda freqüentado o curso de Medicina em
uma faculdade particular.

A autora afirma que foi aprovada no processo seletivo 2009 da UERN e argumenta que o Edital do certame e a Lei Estadual 8.258/02 exige apenas a integralidade no ensino fundamental e médio em escolas públicas, e não sua exclusividade.

O relator do processo, desembargador Saraiva Sobrinho, ao observar a documentação trazida aos autos pela autora, constatou que a estudante cursou o ensino fundamental e médio em escolas particulares (Escola Doméstica e Geo), e apenas após a conclusão do ensino médio, novamente se submeteu ao ensino Fundamental e Médio por meio de exames supletivos em escola pública (Centro de Educação de Jovens e Adultos Professor Felipe Guerra).

Para o desembargador, o maior objetivo do sistema de cotas é garantir acesso universitário aos menos favorecidos, diminuindo a desigualdade social com os detentores de recursos econômicos, e considerou inconcebível aceitar que uma aluna proveniente de escola particular efetue supletivo em instituição estatal e concorra em igualdade de condições com estudantes provenientes exclusivamente de escola pública.

O Relator também concordou com o parecer da Procuradoria de Justiça que interpretou o fato de uma estudante que já tinha concluído os dois graus escolares na rede particular de ensino, se submeter ao exame supletivo em rede pública, se deu com o único objetivo de burlar o sistema de cotas. Diante disso, o desembargador Saraiva Sobrinho negou seguimento ao apelo. (Processo nº 2010.015179-3)

* Fonte: TJ/RN