Fernando Henrique Cardoso, o professor da Sorbonne que presidiu o Brasil e é um poço de vaidade, deve estar se coçando todo.
Com ou sem sucessora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está com o futuro garantido a partir do próximo ano. Agências de conferencistas dos Estados Unidos e do Brasil já assediam aliados do presidente na esperança de contratarem Lula como palestrante, após o fim do mandato do petista. Pela estimativa do mercado, o cachê do atual presidente para falar por duas horas sobre sua experiência no cargo vai ficar na faixa de US$ 120 mil (R$ 216 mil pelo câmbio oficial de sexta-feira), bem próximo do patamar pago atualmente a ex-autoridades como Bill Clinton e Tony Blair. O ex-presidente dos Estados Unidos recebe US$ 140 mil (R$ 252 mil) por palestra, mas chegou a embolsar US$ 400 mil nos primeiros trabalhos após deixar a Casa Branca. O ex-primeiro ministro do Reino Unido tem cachê de aproximadamente US$ 130 mil (R$ 234 mil) por evento. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), presidente do Brasil de 1994 a 2002, ganha US$ 50 mil (R$ 90 mil) por palestra. Atualmente, o ex-presidente tucano faz cerca de 30 apresentações por ano.
Antes mesmo de dar os primeiros passos no mercado de palestras, Lula já tem convite para falar a um grupo de 300 empresários da Brazilian-American Chamber of Commerce, nos Estados Unidos, quando deixar a Presidência, segundo o deputado Maurício Rands (PT-PE). Profissionais brasileiros que atuam gerenciando ex-autoridades e intelectuais informam que uma agenda movimentada pode comportar até 10 convites por mês. Como palestrante, o presidente Lula poderá embolsar em 30 dias mais que o dobro do patrimônio de R$ 839.033 que juntou durante toda a vida, segundo declaração entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2008. “Se o Lula quiser ficar milionário honestamente, fazendo palestras pelo mundo, não terá dificuldades”, avalia o consultor Thales de Azevedo Leite, pioneiro do mercado de palestras no Brasil.
Ficar milionário ou investir o dinheiro arrecadado em uma fundação, a exemplo do que fez o ex-presidente Bill Clinton, será o dilema de Lula. O deputado Maurício Rands (PT-PE) e o senador Delcídio Amaral (PT-MS) contam que eles e seus colegas petistas têm ouvido pedidos de grupos de empresários que querem ouvir Lula depois do fim do mandato. “Independentemente de questões polêmicas como o Irã, ele é um protagonista da política internacional. Por isso esse assédio das pessoas para ouvir o Lula”, resume Delcídio. Rands afirma que Lula não deve embolsar o dinheiro e já demonstrou interesse em montar uma fundação. “Ele poderia ocupar um cargo nas Nações Unidas, mas vai optar pela fundação, com trabalho ligado à bandeira da segurança alimentar.” Aliados do presidente contam que a fundação está sendo desenhada, e que profissionais já desenvolvem a ideia, guardada a sete chaves. A fundação de Lula não tratará apenas de inclusão social e deve ter perfil mais amplo.
O PT deve ficar distante da organização da fundação de Lula. Como o circuito de palestras é bancado essencialmente por recursos da iniciativa privada, muitos empresários pregam o distanciamento partidário das ex-autoridades, para não criarem conflitos políticos com governantes. Empresas estatais também costumam contratar nomes internacionais a peso de ouro para participação em seminários.
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