O núncio apostólico (cargo semelhante a um embaixador da Igreja Católica) dom Lorenzo Baldisseri, presidiu hoje a missa que abriu a 48ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, no Santuário Dom Bosco, em Brasília. De acordo com a assessoria da CNBB, dom Lorenzo discorreu, em sua homilia, sobre a paz e sobre o momento atual vivido pela Igreja por causa das denúncias de casos de pedofilia praticados por membros do clero.
"A Igreja hoje atravessa um momento de profunda tristeza e amargura, um Getsêmani, um suor de sangue com dor e sofrimento", disse. "A Igreja figura nas páginas dos jornais e de outros meios de comunicação, fustigada, exposta ao público ludíbrio, pelas fraquezas de alguns de seus membros qualificados, os quais foram responsáveis de pecados e crimes gravíssimos, passíveis de juízo diante de Deus e dos tribunais."
Para o núncio, este é um tempo de purificação e de penitência. "Os pastores e os superiores maiores estão convidados a tomar de imediato as medidas adequadas, instruídas pela Santa Sé, para aplicar as penas correspondentes aos responsáveis dos crimes cometidos no território ou nas áreas de própria competência, todos solidários para fazer frente a qualquer tipo de especulação e instrumentalização e, sobretudo, unidos ao Santo Padre, atingido em primeira pessoa por uma campanha orquestrada e perversa", afirmou.
Segundo a assessoria da CNBB, a assembleia, que reúne mais de 300 bispos, continua até o dia 13 e tratará de vários temas, como questão agrária, Programa de Direitos Humanos e pedofilia. A Assembleia deverá aprovar também uma declaração sobre o momento político.
Carta de Lula
Na manhã de hoje, na abertura da assembleia, o arcebispo de Manaus (AM) e vice-presidente da CNBB, dom Luiz Soares Vieira, leu uma carta enviada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha. Na carta, segundo a assessoria da CNBB, Lula manda sua "fraterna saudação" aos bispos e religiosos participantes e faz um balanço de seus oito anos de mandato como chefe da nação e seu convívio com a Igreja Católica, em especial com a presidência da CNBB.
"Tenho consciência de quanto são importantes os convênios com as entidades religiosas para que as políticas sociais aconteçam de fato em todo o País e em toda sua capilaridade junto ao povo mais pobre e excluído", destacou o presidente Lula, de acordo com a assessoria da CNBB. "Ao mesmo tempo, as críticas e os embates, em temas específicos, que vivenciamos com maturidade, nos ajudaram a corrigir erros e limitações. As divergências e posições diferenciadas que tomamos não afastaram em nenhum momento nossa vontade de diálogo e mútua contribuição."